Levantamento
do MPF aponta que um terço da derrubada irregular ocorre em assentamentos do
órgão
O
Ministério Público Federal (MPF) entrou nesta semana com ações no Pará,
Amazonas, Rondônia, Roraima, Acre e Mato Grosso, que apontam o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como responsável pelo
desmatamento ilegal na Amazônia. Segundo o MPF, as ações reúnem dados inéditos
sobre o desmatamento em assentamentos de reforma agrária, que mostram que cerca
de um terço das derrubadas ilegais vêm ocorrendo nessas áreas.
Nas
ações, os procuradores argumentam que “os procedimentos irregulares adotados
pelo Incra na criação e instalação dos assentamentos vêm promovendo a
destruição da fauna, flora, recursos hídricos e patrimônio genético, provocando
danos irreversíveis ao bioma da Amazônia”.
As
investigações do MPF constataram que até 2010 o Incra foi responsável por
133.644 quilômetros quadrados de desmatamento dentro dos 2.163 projetos de
assentamento que existem na região amazônica. Em termos de comparação, os
procuradores dizem que a área desmatada é 100 vezes o tamanho da cidade de São
Paulo.
Segundo
os pesquisadores, entre 2000 e 2010, foram mais de 60 milhões de campos de
futebol em florestas que vieram ao chão. O MPF fez um cálculo com base no valor
comercial dos produtos madeireiros e chegou a um valor total de R$ 38,5 bilhões
em danos ambientais causados pelo Incra em toda a Amazônia.
Nas
ações, os procuradores relatam à Justiça Federal os danos provocados pelos
desmates em assentamentos em cada Estado. Em todos os processos o MPF pede a
interrupção imediata do desmatamento em áreas de reforma agrária, proibição de
criação de novos assentamentos sem licenciamento ambiental e um plano para
licenciar os assentamentos existentes, bem como para averbação de reserva legal
e recuperação de áreas degradadas, com prazos que vão de 90 dias a um ano.
As ações
judiciais foram elaboradas pelo Grupo de Trabalho da Amazônia Legal, que reúne
procuradores da República de toda a região, e ajuizadas em seis dos nove
Estados que compõem a Amazônia Legal. Amapá e Tocantins ficaram de fora por
terem números inexpressivos de desmatamento nas áreas de reforma agrária. O
Maranhão, que tem uma das situações mais graves nos assentamentos, está
concluindo o inquérito sobre o assunto, dizem os procuradores.
Fonte: Agência
Estado
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