Ibama reavalia uso de quatro tipos de agrotóxico e sua relação com o desaparecimento de abelhas no país
Carolina Gonçalves
Brasília - Mesmo na ausência de levantamentos oficiais,
alguns registros sobre a redução do número de abelhas em várias partes do país,
em decorrência de quatro tipos de agrotóxico, levaram o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a restringir o uso de
importantes inseticidas na agropecuária brasileira, principalmente para as
culturas de algodão, soja e trigo.
Além de reduzir as formas de aplicação desses produtos,
que não podem ser mais disseminados via aérea, o órgão ambiental iniciou o
processo de reavaliação das substâncias imidacloprido, tiametoxam, clotianidina
e fipronil. Esses ingredientes ativos foram apontados em estudos e pesquisas
realizadas nos últimos dois anos pelo Ibama como nocivos às abelhas.
Segundo o engenheiro Márcio Rodrigues de Freitas,
coordenador-geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, a
decisão não foi baseada apenas na preocupação com a prática apícola, mas,
principalmente, com os impactos sobre a produção agrícola e o meio ambiente.
Estudo da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO), publicado em 2004, mostrou que as abelhas são
responsáveis por pelo menos 73% da polinização das culturas e plantas. “Algumas
culturas, como a do café, poderiam ter perdas de até 60% na ausência de agentes
polinizadores”, explicou o engenheiro.
A primeira substância a passar pelo processo de reavaliação será o imidacloprido, que responde por cerca de 60% do total comercializado dos quatro ingredientes sob monitoramento. A medida afeta, neste primeiro momento, quase 60 empresas que usam a substância em suas fórmulas. Dados divulgados pelo Ibama revelam que, em 2010, praticamente 2 mil toneladas do ingrediente foram comercializadas no país.
A reavaliação é consequência das pesquisas que mostraram a relação entre o uso desses agrotóxicos e a mortandade das abelhas. De acordo com Freitas, nos casos de mortandade identificados, o agente causal era uma das substâncias que estão sendo reavaliadas. Além disso, em 80% das ocorrências, havia sido feita a aplicação aérea.
O engenheiro explicou que a reavaliação deve durar, pelo menos, 120 dias, e vai apontar o nível de nocividade e onde está o problema. “É o processo de reavaliação que vai dizer quais medidas precisaremos adotar para reduzir riscos. Podemos chegar à conclusão de que precisa banir o produto totalmente, para algumas culturas ou apenas as formas de aplicação ou a época em que é aplicado e até a dose usada”, acrescentou.
Mesmo com as restrições de uso, já em vigor, tais como a proibição da aplicação aérea e o uso das substâncias durante a florada, os produtos continuam no mercado. Juntos, os agrotóxicos sob a mira do Ibama respondem por cerca de 10% do mercado de inseticidas no país. Mas existem culturas e pragas que dependem exclusivamente dessas fórmulas, como o caso do trigo, que não tem substituto para a aplicação aérea.
Hoje (25), o órgão ambiental já sentiu as primeiras pressões por parte de fabricantes e produtores que alertaram os técnicos sobre os impactos econômicos que a medida pode causar, tanto do ponto de vista da produção quanto de contratos já firmados com empresas que fazem a aplicação aérea.
A primeira substância a passar pelo processo de reavaliação será o imidacloprido, que responde por cerca de 60% do total comercializado dos quatro ingredientes sob monitoramento. A medida afeta, neste primeiro momento, quase 60 empresas que usam a substância em suas fórmulas. Dados divulgados pelo Ibama revelam que, em 2010, praticamente 2 mil toneladas do ingrediente foram comercializadas no país.
A reavaliação é consequência das pesquisas que mostraram a relação entre o uso desses agrotóxicos e a mortandade das abelhas. De acordo com Freitas, nos casos de mortandade identificados, o agente causal era uma das substâncias que estão sendo reavaliadas. Além disso, em 80% das ocorrências, havia sido feita a aplicação aérea.
O engenheiro explicou que a reavaliação deve durar, pelo menos, 120 dias, e vai apontar o nível de nocividade e onde está o problema. “É o processo de reavaliação que vai dizer quais medidas precisaremos adotar para reduzir riscos. Podemos chegar à conclusão de que precisa banir o produto totalmente, para algumas culturas ou apenas as formas de aplicação ou a época em que é aplicado e até a dose usada”, acrescentou.
Mesmo com as restrições de uso, já em vigor, tais como a proibição da aplicação aérea e o uso das substâncias durante a florada, os produtos continuam no mercado. Juntos, os agrotóxicos sob a mira do Ibama respondem por cerca de 10% do mercado de inseticidas no país. Mas existem culturas e pragas que dependem exclusivamente dessas fórmulas, como o caso do trigo, que não tem substituto para a aplicação aérea.
Hoje (25), o órgão ambiental já sentiu as primeiras pressões por parte de fabricantes e produtores que alertaram os técnicos sobre os impactos econômicos que a medida pode causar, tanto do ponto de vista da produção quanto de contratos já firmados com empresas que fazem a aplicação aérea.
Freitas disse que as reações da indústria são naturais e,
em tom tranquilizador, explicou que o trabalho de reavaliação é feito em
conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e com o
Ministério da Agricultura – órgãos que também são responsáveis pela autorização
e registro de agrotóxicos no país. “Por isso vamos levar em consideração todas
as variáveis que dizem respeito à saúde pública e ao impacto econômico sobre o
agronegócio, sobre substitutos e ver se há resistência de pragas a esses
substitutos e seus custos”, explicou o engenheiro.
No Brasil, a relação entre o uso dessas substâncias nas
lavouras e o desaparecimento de abelhas começou a ser identificada há pouco
mais de quatro anos. O diagnóstico foi feito em outros continentes, mas, até
hoje, nenhum país proibiu totalmente o uso dos produtos, mesmo com alguns
mantendo restrições rígidas.
Na Europa, de forma geral, não é permitida a aplicação
aérea desses produtos. Na Alemanha, esse tipo de aplicação só pode ser feito
com autorização especial. Nos Estados Unidos a aplicação é permitida, mas com
restrição na época de floração. Os norte-americanos também estão reavaliando os
agrotóxicos compostos por uma das quatro substâncias.
Edição: Lana Cristina
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