A SÍNDROME DO MÍOPE toma conta dos mercados de
commodities agrícolas!
Fonte: Fonte: PEDRO H DEJNEKA
“Pedrão, o
que é a SÍNDROME DO MÍOPE?”
Para quem
não é míope, segue uma foto de como o míope (eu sou um deles) vê o mundo:
Ele vê tudo
que está perto... mas não consegue enxergar o que está longe.
Definindo
então o que eu chamo de “SÍNDROME DO MÍOPE” nos mercados:
Esta
síndrome se dá quando participantes do mercado focam em tentar MICRO-analisar
tudo que se passa diáriamente com os mercados e PERDEM NOÇÃO DO QUADRO GERAL.
Ou seja,
vêem o que está perto (movimentos diários) mas não vêem o que está longe
(tendência geral de preços).
Existe muito
BARULHO por aí tentando justificar todo e qualquer movimento diário dos
mercados...
Meus caros,
mercados não são estáticos, estão em constante movimento... as negociações não param
e não é toda baixa ou alta de 0,5% que tem uma história fantástica por trás...
são movimentos normais de mercado e não mudam as tendências de médio prazo...
Repito o que
escrevi aqui nos recentes comentários:
“A tendência
de médio prazo ainda é de alta, pois o clima não se estabilizou ainda nos EUA
... Muita cautela e não deixem-se enganar por correções temporárias de um
mercado ainda altista.
NÃO TENTEM
COLOCAR UM TETO NOS PREÇOS NO MOMENTO.
Tudo pode
acontecer... e enquanto a TENDÊNCIA GERAL de clima não
virar, baixas continuarão sendo compradas.
Enquanto
houver demanda combinada com risco de contínua degradação de safra aqui nos
EUA, tentar colocar um teto nos preços é loucura!”
Mercados
altistas têm correções.
Mercados
altistas não sobem em linha reta durante mais que alguns dias...
Pequenas
correções são necessárias e o mercado precisa “respirar”, parar e dar tempo
para que as altas sejam “digeridas”.
“Mas Pedro,
ouço dizer que a demanda já está sendo racionada, será que não estamos perto do
topo?”
Semana
passada mencionei que a demanda para o mercado de milho é muito mais “elástica”
(sensível), do que a demanda para o mercado de soja.
O mercado de
milho está sim já vendo indícios de redução de demanda, por exemplo, no milho
usado para Etanol. Esta manhã o governo Americano anunciou que semana
passada a produção de etanol caiu 2.3% e registrou menor nível de produção
semanal desde Junho de 2010 (mês que o governo começou á registrar estes
dados).
Colegas,
isto com certeza era já de se esperar, com milho subindo $2,60 ou 51% em 1 mês!
É claro que
a demanda começará á mostrar sequelas... e mesmo que a demanda de Etanol esteja
menor, lembrem-se que nos EUA ainda existe o mandato de mistura de Etanol que
suportará um nível mínimo de produção.
Acontece
que, mesmo com esta redução em produção de etanol e demanda para o milho
Americano (lembremos também que o BR está assumindo parte desta demanda
mundial no momento pelo grão, devido á super safra que produziu), os
estragos que o clima causa na atual safra aqui nos EUA não acabaram.
Infelizmente o clima AINDA NÃO VIROU, e apesar de termos melhores expectativas
de chuvas UM POUCO mais abrangentes do que antes, o volume destas chuvas não
chega nem perto de ser o suficiente para amenizar os estragos.
Estudemos os
seguinte gráficos:
Este primeiro gráfico indica a gravidade do estado de seca em diferentes regiões dos EUA. Percebam que grande parte do país e PRINCIPALMENTE do cinturão de produção dos EUA, sofrem com secas consideradas de “grave” (severe drought) á “extrema” (extreme drought).
Já o gráfico á esquerda indica a quantidade de chuvas necessárias no mês de Julho
para abastecer os solos o suficiente para acabar com as condições de
seca.
Percebam que
na maioria do cinturão de produção Norte Americano necessitaria de PELO MENOS
229 MILÍMETROS (9 polegadas – parte branca do mapa) DE CHUVA, para acabar com
as condições áridas que assolam a região.
O mapa á
direita, indica o total de precipitação que a área já teve na primeira metade
do mês... para os que são dautônicos como eu, o mapa indica que a maioria da
região recebeu SOMENTE ENTRE 0,5 e 1 POLEGADA de chuvas até agora este mês
(12,7 á 25,4 milímetros). Ou seja, na primeira metade do mês, a região, em
média, recebeu menos de 10% da quantidade necessário este mês para dar a
umidade necessária ao solo e acabar com a seca...
Pequeno
detalhe: os mapas meterológicos mostram no máximo mais por volta de 75
milímetros na região até o final do mês! A SECA DE 2012 ESTÁ RAPIDAMENTE SE
TORNANDO A PIOR SECA NA HISTÓRIA para o cinturão de produção Norte Americano.
Nesta mesma
semana do ano em 1988 o clima já tinha virado e estragos maiores não ocorreram
de meados de Julho para frente... este ano infelizmente pelo que tudo indica, a
história será bem diferente...
Os estragos
na safra de MILHO JÁ SE INSTALARAM – NÃO HÁ CHUVA NO MOMENTO QUE
POSSA MELHORAR A SAFRA. Chuvas abrangentes no momento poderão apenas
EVITAR MAIORES ESTRAGOS em áreas que ainda têm uma safra razoável/boa. Não
se surpreendam com um rendimento final da safra de milho abaixo de 130
bushels/acre (no momento já é CERTO que a produção é menor do que o USDA
anunciou no relatório de quarta-feira passada, que foi 146 bushels por
acre).
Já na SOJA,
ainda há tempo para uma possível RECUPERAÇÃO de PARTE DO POTENCIAL de produção
inicial... MAS... A AREIA DA AMPULHETA ESTÁ ACABANDO meus caros...
Se a
previsão de clima até o final de Julho (descrita acima) estiver correta, o
estrago na soja será quase equivalente ao estrago da safra de milho.
REPITO, A
TENDÊNCIA DO CLIMA PRECISA REVERTER, AS PLANTAS DE SOJA NECESSITAM DE CHUVAS
PESADAS E ABRANGENTES NOS PRÓXIMOS 10 – 14 DIAS... e de um mês de Agosto muito
mais ameno que Julho. As plantas de milho precisam de chuvas ONTEM, para
evitar contínua degradação da safra...
Podemos, no
final da safra este ano, ter uma quebra próxima á 25% na produção total do grão
do país e em torno de 20% de quebra na produção da oleaginosa do país.
Para
referência:
Em 1988 a quebra total foi
de 23,1% no MILHO e 18,5% na SOJA.
Levando isto
em consideração, vocês acham que esta alta recente foi suficiente para reduzir
a proporcionalmente a demanda pelo milho e soja Americanos? ... ... ...
Vocês viram
ontem e hoje como a tendência geral do mercado continua sendo de COMPRA NAS
BAIXAS.
Após baixas
iniciais no noturno e no início do pregão, compradores entraram em peso hoje, e
soja, milho e trigo não só recuperaram as pequenas perdas, mas fecharam o dia
com ganhos superiores á 2%.
Quem liderou
o movimento de alta hoje foi o mercado de FARELO, com muitos traders no CBOT
fazendo o que se chama aqui de BULL SPREADS (compra de contrato de
vencimento mais próximo e venda de contrato de vencimento mais longo, pela
falta de disponibilidade imediata do produto).
O contrato
de Agosto do Farelo de Soja no CBOT atingiu o limite de alta hoje de 20
dólares, equivalente no contrato á uma alta de 4%.
Clientes,
leitores, colegas... entendam... o mercado ainda não precificou o tamanho do
estrago real que a seca está causando este ano! Mesmo com as fortíssimas altas
recentes...
Mercados
climáticos, principalmente em anos de tragédias naturais como a deste ano, são
extremamente voláteis e nervosos...
Apertem os
cintos, pois se a falta de chuva se concretizar nas próximas duas semanas, o
volatilidade e nervosismo poderão ir á estratosfera neste mercado e pode causar
muita dor para quem não tiver a cobertura apropriada.
No momento,
não é possível colocar um alvo nos preços, pois se e quando esta volatilidade
se instalar, o mercado poderá ficar temporáriamente irracional e tudo, repito,
tudo poderá acontecer...
E isto é uma
“faca de dois gumes”... pois como um tal de Isaac Newton já dizia: “TUDO QUE
SOBE, TEM QUE DESCER”...
O mercado
irá formar um topo QUANDO souber de FATO que a redução na demanda é
proporcional á destruição da oferta...
... ... este
momento meus caros leitores, ainda não chegou...
Muita
cautela, paciência, calma e prudência... evitem escutar os “barulhos” externos
tentando justificar cada movimento diário e foquem-se nos fatos e na tendência
de médio prazo...
Fonte:
PEDRO H DEJNEKA
Nenhum comentário:
Postar um comentário