COTAÇÕES AGRÍCOLAS

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Soja: Escassez de farelo sustenta preços do grão


Soja: Escassez de farelo sustenta preços do grão



Há algum tempo fiz referência de que os preços da soja seriam sustentados pela escassez de farelo de soja, a proteína mais valiosa para a alimentação de rebanhos e alojamento de aves, consequentemente decisiva na produção de carnes e derivados.
 
A Argentina é o maior exportador mundial de farelo de soja, com cerca de 30 milhões de toneladas anualmente, enquanto o Brasil ocupa o segundo lugar com cerca de 14 milhões de
toneladas. Os Estados Unidos, embora seja o maior produtor mundial de soja, contribui com apenas 8 milhões de toneladas de exportação para o mercado mundial, destinadas para o
consumo interno cerca de 28 milhões de toneladas.
 
A proteína extraída da soja correponde a cerca de 80% da soja em grão e contribui na mesma proporção para a formação do preço do grão, restando cerca de 20% em óleo de soja,
que completa o preço da oleaginosa. Assim sendo, quando pensamos em soja, necessariamente estamos nos referindo a sua valiosa proteína produzida e consumida em maior escala em nível mundial.
 
Não existe um substituto em escala e importância para a proteína do farelo de soja, enquanto o óleo tem muitos outros concorrentes, sendo o óleo de palma um dos seus principais competidores no abastecimento mundial.
 
As perdas das safras de soja deste ano, principalmente da América do Sul, maior supridor mundial de farelo, que correspondeu a cerca de 25 milhões de toneladas de soja, significa um estupendo
déficit de proteína na ordem de cerca de 20 milhões de toneladas. Isso afetará não somente os mercados mundiais, como também o suprimento interno do Brasil.
 
O potencial de demanda mundial terá somente os Estados Unidos para atender os mercados consumidores na entressafra sulamericana, que será de setembro de 2012 a março de 2013, o que certamente resultará em um grande impacto nos preços do farelo de soja e consequentemente para o grão.
 
Houve apenas um fato semelhante na história moderna dos mercados agrícolas, que foi em 1973 quando o farelo de soja se tornou tão escasso que seu preço superou, por um determinado período, o próprio valor de seu principal, a soja. Para se ter uma ideia da gravidade dessa situação, naquele ano, os Estados Unidos suspenderam suas exportações de farelo de soja, causando uma grave crise de desabastecimento a nível mundial.
 
Fez todo o sentido naquele ano de 1973, o preço do farelo ter superado o preço da soja em grão. A falta de farelo ou proteína é mais impactante que a falta de soja a nível de preços, porque o farelo é um produto elaborado para utilização imediata e tem escassas condições de armazenagem de longo prazo.
 
Atenciosamente,
Liones Severo
Fonte: Liones Severo

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