Mercado
agrícola não é mais o mesmo do tempo das gerações anteriores. Muito mais
complexo, sofisticado e exigente, a economia mundial faz do agricultor um
empresário que precisa estar atento a muito mais itens do que se imagina.
Tratando-se de soja e milho, duas commodities de grande importância produzidas
no Brasil, as influências de fora da porteira acabam sendo ainda maiores.
Durante o
27º Seminário Cooplantio, realizado entre os dias 11 e 13 de junho em
Gramado-RS, o analista de mercado da AgRural, Fernando Muraro Jr., abordou as
tendências do mercado de soja e milho em uma palestra para mais de mil pessoas.
Segundo Muraro, o mercado atual, comparado ao de dez anos atrás, é como um
controle remoto de uma televisão moderna ao lado de um que apenas faz a troca
de canais. “A comercialização não pertence mais ao produtor. Hoje ele tem que
entender de China, safra dos EUA, greve na Europa, fundo de investimento,
câmbio, Argentina, Uruguai”, analisa.
Um dos
primeiros pontos levantados foi a quebra de produção na América do Sul,
continente que mais planta e colhe soja no mundo. Segundo o analista, em
2011/2012 acreditava-se que a safra seria tão grande quanto a anterior, que
chegou aos 136 milhões de toneladas. Entretanto, a quebra foi de 24 milhões de
toneladas devido à estiagem. Com a queda, o preço da soja no Rio Grande do Sul,
que antes estava em R$45 a saca, chegou a R$65. Já na Bolsa de Chicago, o melhor
preço do ano passado, U$14,55, subiu este ano para apenas U$15. “A bolsa ficou
uma coisa tão complexa que ela não reflete muito em detalhes a realidade da
relação de oferta e demanda”, explica.
Para
reverter os prejuízos, o Brasil passou a plantar mais milho safrinha. Mas
Muraro apontou um problema neste ponto: a safra de verão do ano passado foi de
36 milhões de toneladas, enquanto a safrinha foi de 21 mi, totalizando 57
milhões de toneladas. Este ano, a safra de verão foi de 35 milhões de toneladas
e a safrinha prevista na mesma quantidade. Pela primeira vez na história a
safrinha pode passar da safra de verão, o que causa uma pressão muito grande
nos preços do cereal.
Se a China tropeçar, nós caímos
Se a China tropeçar, nós caímos
Outro
ponto abordado na palestra de Fernando Muraro Jr. foi a importância do mercado
chinês. “A cada dez grãos, sete vão para a China”, diz sobre a influência do
país nas exportações brasileiras, lembrando que nos Estados Unidos a proporção
chega a 63% do produto. Com a quebra sul-americana, a venda antecipada da safra
americana que está recém sendo plantada, já chegou a 8,4 milhões de toneladas,
ante 6 milhões do ano passado.
Muraro
ressalta que com o aquecimento econômico do país, o consumo foi estimulado. Não
apenas a soja, mas as carnes e outros produtos estão tendo muito mais mercado
do que há alguns anos. Com quase metade de seus produtos exportados à Europa
(21%) e aos Estados Unidos (21%), o palestrante apontou que se a crise europeia
continuar, o resultado negativo pode refletir no Brasil.
“Não façam dívida em dólar”
“Não façam dívida em dólar”
Esta é a
mensagem que o analista deixa aos produtores. Segundo ele, “existe uma
correlação inversa e perversa entre dólar e commodities”. Quando a moeda está
em alta, as commodities caem, e vice-versa. A relação entre dólar e euro também
é oposta, e Muraro alerta: “se a crise na Europa continuar, o Euro cai e todos
que hoje investem em commodities comprarão o que? Dólar”.
A
jornalista viajou a convite da Cooplantio
Agrolink
Autor:
Joana Pretto Cavinatto
Entao ja que o mercado exige produtor bem informado entao vamos ler todas as manchetes do tombiniagricola.blogspot.com .
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