COTAÇÕES AGRÍCOLAS

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tecnologia na pecuária evita desmatamento de 16,8 mi de hectares no Mato Grosso


Tecnologia na pecuária evita desmatamento de 16,8 mi de hectares no Mato Grosso
Em 15 anos, concentração de animais por hectare cresceu 62,5%, liberando espaço para a agricultura


Redação
O aumento da produtividade da pecuária do Mato Grosso entre 1996 e 2011 evitou o desmatamento de 16,891 milhões de hectares, área equivalente ao Estado do Acre ou à soma dos territórios da Grécia e da Suíça. O levantamento, feito pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), mostra que a taxa de ocupação das pastagens do estado passou de 0,72 animal por hectare em 1996 para 1,17 animal em 2011. Ou seja, para produzir a quantidade atual com a tecnologia de 1996, as pastagens teriam que ocupar um Acre a mais.
Essa evolução tecnológica foi conquistada com melhoramento genético das pastagens e dos animais, além da melhoria de gestão, por exemplo. “Os pecuaristas perceberam que é possível aumentar a produtividade sem precisar abrir novas áreas e decidiram fazer isso sem incentivos ou ajudas”, afirma o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.

Somente nos últimos quatro anos analisados, entre 2008 e 2011, o crescimento na produtividade foi de 16,38%, passando de 1,01 para 1,17 animais por hectare. Esse aumento decorre do fato de o rebanho ter crescido, enquanto a área de pastagens foi reduzida. O número de bovinos do estado passou de cerca de 26 milhões de animais em 2008 para 29 milhões até o ano passado, alta de 12,48%. No mesmo período, os pastos caíram de cerca de 16 milhões de hectares para 24,9 milhões, uma queda de 3,47%.
Ciclos da pecuária

A partir de uma pesquisa feita por meio da base de dados da Nasa sobreposta às imagens do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), a Acrimat concluiu que houve três ciclos da pecuária no Mato Grosso desde 1996. O primeiro, entre 1996 e 2005, foi marcado por uma expansão horizontal da atividade, com a abertura de 3,947 milhões de hectares para pastagens. Na segunda fase, entre 2006 e 2008, a área de pastos ficou praticamente estável, com variação de 0,35% no período. Por fim, entre 2009 e 2011, iniciou-se a redução da área ocupada pela pecuária. Só nesse período, a criação de animais deixou de ocupar 863,8 mil hectares, liberando espaço para o avanço da agricultura.
Alguns municípios chegaram a perder praticamente metade de sua área de pastagem só nesses três anos. É o caso de Querência, no nordeste do estado, que perdeu 47% da área de pastos, ou 47% do total. Na mesma região, São Félix do Araguaia perdeu 57,8 mil hectares de pastagem, uma área pequena se comparada ao total de 654 mil hectares, porém representativa. Segundo Vacari, a região do Araguaia é a que tem transferido mais áreas de pastagens para a agricultura.
Essa transferência não precisa ser um problema, já que a pecuária mato-grossense continua expandindo seu rebanho, ainda que em menos terra. Mas Vacari faz um alerta: “Se os pecuaristas estão deixando de criar gado para plantar é porque sua renda está comprometida. O fato de as commodities estarem valorizadas contribui para o processo, mas não é fator preponderante”, afirma ele.
Outras cidades que tiveram redução registrada da área de pastagem foram Nova Mutum (30%), Nova Maringá (23%), Nova Ubiratã (25%) e Campo Novo dos Parecis (38%).
Entre os municípios que registraram aumento de área de pastagem, Cuiabá dobrou sua área, porém a capital tem participação relativamente pequena na produção. Sua área passou de 58 mil hectares para 126 mil, aproximadamente. Em Alto Araguaia (a 418 km a Sudeste), houve um aumento de 83 mil hectares no período avaliado.

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