Suia-Missu: Foco de tensão fundiária em MT fica
deserto
Após confronto entre posseiros e PMs, oficiais
de Justiça abordam fazendas mais distantes (por DANIEL CARVALHO, JUCA VARELLA,
ENVIADOS ESPECIAIS A POSTO DA MATA (MT) da Folha de S. Paulo). Abaixo, relatos
da equipe de jornalismo da Tv Centro-America (G1/MT)
Principal
ponto de tensão fundiária hoje no país, o distrito de Posto da Mata, em Mato
Grosso, epicentro da operação de retirada de posseiros da terra indígena
Marãiwatsédé, começa a tomar ares de cidade fantasma. Mas o
aparente abandono da área não esconde o acirramento dos ânimos nesse trecho do
município de Alto Boa Vista, em razão da operação iniciada há uma semana. O cenário de
ruas desertas contrasta com a tensão na BR-158, com caminhoneiros irritados pelo
bloqueio e manifestantes que se dizem dispostos a morrer pela terra. Após
confronto entre posseiros e forças policiais em Posto da Mata na segunda-feira,
oficiais de Justiça passaram a abordar fazendas mais afastadas da concentração
para evitar conflitos. Segundo a Funai, a força tarefa federal já percorreu 13
grandes fazendas na região. A maioria estava desocupada. Segundo o
ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), "a desintrusão de
Marãiwatsédé prossegue e chegará com êxito ao final". Na vila, de
casas de madeira, quase não há movimento. A comunidade fica reunida em posto de
gasolina à margem da BR-158. Ontem, igreja, dentista e até o bar estavam
fechados. Faltam produtos no único restaurante aberto perto do bloqueio. Na escola
Nova Suiá, as aulas foram encerradas uma semana antes em razão da evasão, com
10% dos 600 jovens em sala. "Os pais ficaram amedrontados [com a
PM]", disse a professora Luceir Paz.
Aluna da escola em Posto da Mata anda pelas ruas
do distrito; a escola suspendeu as atividades antes do fim do ano letivo
Famílias ateiam fogo à
bandeira em
protesto à saída de área em
MT
Produtores alegam que assentamento reservado a eles está
ocupado. Desocupação de Marãiwatsédé entrou no 5º dia e atingiu 20 mil
hectares.
Do G1 MT
A área em
disputa tem uma extensão de aproximadamente 165 mil hectares. De acordo com a
Fundação Nacional do Índio (Funai), o povo xavante ocupa a área Marãiwatsédé
desde a década de 1960. Nesta época, a Agropecuária Suiá-Missú instalou-se na
região. Em 1967, índios foram transferidos para a Terra Indígena São Marcos, na
região sul de Mato Grosso, e lá permaneceram por cerca de 40 anos, afirma a
Funai.
No ano de
1980 a fazenda foi vendida para a petrolífera italiana Agip. Naquele ano, a
empresa foi pressionada a devolver aos xavantes a terra durante a Conferência
de Meio Ambiente no ano de 1992, à época realizada no Rio de Janeiro (Eco 92).
A Funai diz que neste mesmo ano - quando iniciaram-se os estudos de delimitação
e demarcação da Terra Indígena - Marãiwatsédé começou a ser ocupada por não
índios.
O ano de
1998 marcou a homologação, por decreto presidencial, da Terra Indígena. No
entanto, diversos recursos impetrados na Justiça acirraram a disputa pela terra
entre produtores rurais e indígenas. A Funai diz que atualmente os índios
ocupam uma área que representa "apenas 10% do território a que têm direito".
A área está
registrada em cartório na forma de propriedade da União Federal, conforme
legislação em vigor e seu processo de regularização é amparado pelo Artigo 231
da Constituição Federal, a Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio) e o Decreto
1.775/96, pontua a Funai.
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Nr: VIDEO NO
YOU-TUBE, COM DEPOIMENTOS DE INDIOS XAVANTES
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