Tecnologia na pecuária evita desmatamento de 16,8 mi de hectares no Mato
Grosso
Em 15
anos, concentração de animais por hectare cresceu 62,5%, liberando espaço para
a agricultura
Redação
O aumento
da produtividade da pecuária do Mato Grosso entre 1996 e 2011 evitou o
desmatamento de 16,891 milhões de hectares, área equivalente ao Estado do Acre
ou à soma dos territórios da Grécia e da Suíça. O levantamento, feito pela
Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), mostra que a taxa de
ocupação das pastagens do estado passou de 0,72 animal por hectare em 1996 para
1,17 animal em 2011. Ou seja, para produzir a quantidade atual com a tecnologia
de 1996, as pastagens teriam que ocupar um Acre a mais.
Essa
evolução tecnológica foi conquistada com melhoramento genético das pastagens e
dos animais, além da melhoria de gestão, por exemplo. “Os pecuaristas
perceberam que é possível aumentar a produtividade sem precisar abrir novas
áreas e decidiram fazer isso sem incentivos ou ajudas”, afirma o
superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.
Somente
nos últimos quatro anos analisados, entre 2008 e 2011, o crescimento na
produtividade foi de 16,38%, passando de 1,01 para 1,17 animais por hectare.
Esse aumento decorre do fato de o rebanho ter crescido, enquanto a área de
pastagens foi reduzida. O número de bovinos do estado passou de cerca de 26
milhões de animais em 2008 para 29 milhões até o ano passado, alta de 12,48%.
No mesmo período, os pastos caíram de cerca de 16 milhões de hectares para 24,9
milhões, uma queda de 3,47%.
Ciclos da pecuária
A partir
de uma pesquisa feita por meio da base de dados da Nasa sobreposta às
imagens do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), a Acrimat concluiu
que houve três ciclos da pecuária no Mato Grosso desde 1996. O primeiro, entre
1996 e 2005, foi marcado por uma expansão horizontal da atividade, com a
abertura de 3,947 milhões de hectares para pastagens. Na segunda fase, entre
2006 e 2008, a área de pastos ficou praticamente estável, com variação de 0,35%
no período. Por fim, entre 2009 e 2011, iniciou-se a redução da área ocupada
pela pecuária. Só nesse período, a criação de animais deixou de ocupar 863,8
mil hectares, liberando espaço para o avanço da agricultura.
Alguns
municípios chegaram a perder praticamente metade de sua área de pastagem só
nesses três anos. É o caso de Querência, no nordeste do estado, que perdeu 47%
da área de pastos, ou 47% do total. Na mesma região, São Félix do Araguaia
perdeu 57,8 mil hectares de pastagem, uma área pequena se comparada ao total de
654 mil hectares, porém representativa. Segundo Vacari, a região do
Araguaia é a que tem transferido mais áreas de pastagens para a
agricultura.
Essa
transferência não precisa ser um problema, já que a pecuária mato-grossense
continua expandindo seu rebanho, ainda que em menos terra. Mas Vacari faz um
alerta: “Se os pecuaristas estão deixando de criar gado para plantar é
porque sua renda está comprometida. O fato de as commodities estarem
valorizadas contribui para o processo, mas não é fator preponderante”, afirma
ele.
Outras
cidades que tiveram redução registrada da área de pastagem foram Nova Mutum
(30%), Nova Maringá (23%), Nova Ubiratã (25%) e Campo Novo dos Parecis
(38%).
Entre os municípios que registraram aumento de área de pastagem, Cuiabá dobrou
sua área, porém a capital tem participação relativamente pequena na produção.
Sua área passou de 58 mil hectares para 126 mil, aproximadamente. Em Alto
Araguaia (a 418 km a Sudeste), houve um aumento de 83 mil hectares no período
avaliado.